Texo de Clark, David e Beck, Aaron (2012) em: Vencendo a ansiedade e a preocupação.
Qual é a diferença entre medo e ansiedade?
Até aqui, usamos os termos medo e ansiedade como se eles significassem a mesma coisa. Contudo, os terapeutas
cognitivos fazem uma distinção entre as duas palavras que é importante para o êxito da terapia.
O medo é uma resposta básica automática a um objeto, situação ou circunstância específica que envolve um reconhecimento (percepção) de perigo real ou potencial.
Para uma pessoa com aracnofobia, qualquer coisa que sugira a possível presença de uma aranha, como uma teia de aranha, uma casa velha, andar numa floresta, até mesmo uma fotografia de uma aranha, pode provocar medo. Sempre que está fora de casa, esta pessoa pode estar constantemente pensando: “Será que eu não vou encontrar uma aranha?”, “Aranhas são perigosas porque elas podem entrar na sua boca ou nos seus ouvidos e botar ovos” ou “Se eu vir uma aranha, vou me apavorar”.
Fisicamente, essa pessoa pode sentir-se tensa, inquieta, sentir um frio na barriga, um aperto no peito ou o coração disparar sempre que vê algo que a faz lembrar-se de aranhas. E o medo poderia causar uma mudança de comportamento, tal como evitar lugares com risco de exposição a aranhas. Em termos de terapia cognitiva, a principal característica do medo é um pensamento de ameaça ou perigo iminente à nossa segurança.
A ansiedade, em contraste, é um estado emocional complexo muito mais prolongado que muitas vezes é desencadeado por um medo inicial. Por exemplo, você poderia sentir-se ansioso ao pensar em visitar amigos porque eles moram em uma casa velha onde pode haver aranhas, ou em ir ao cinema porque o filme pode conter uma cena com aranhas. O medo básico é de encontrar uma aranha, mas você vive em um estado de permanente ansiedade sobre a futura possibilidade de ser exposto a uma aranha. Assim, a ansiedade é uma experiência mais duradoura do que o medo.
Ela é um estado de apreensão e de excitação física em que você acredita que não pode controlar ou prever eventos futuros potencialmente aversivos. Consequentemente, você pode se sentir ansioso pensando em uma entrevista importante, em ir a uma festa onde não conhece as pessoas, em viajar a um lugar desconhecido, em seu desempenho no trabalho ou em um prazo de entrega. Observe que a ansiedade está sempre orientada ao futuro; ela é governada pela ideia de “E se?”.
Não ficamos ansiosos com respeito ao passado, com o que já aconteceu; ficamos ansiosos em relação a catástrofes ou eventos adversos futuros imaginados: “E se me der um branco durante a prova?”, “E se eu não conseguir terminar o trabalho?”, “E se eu tiver um ataque de pânico no supermercado?”, “E seu eu pegar o vírus da gripe H1N1 por ficar perto das pessoas?”, “E se eu encontrar alguém que me faça lembrar do assaltante que me atacou?”, “E se eu perder o meu emprego?” Este estado emocional duradouro que chamamos de ansiedade.
Para usar as estratégias da terapia cognitiva para reduzir a ansiedade, é importante descobrir o medo central, sua avaliação da ameaça, que está por trás de seus episódios de ansiedade.